quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Nua és tão simples como uma das tuas mãos
lisa, terrestre, mínima, redonda, transparente,
tens linhas de lua, caminhos de maçã
nua és magra como o trigo nu.

Nua és azul como a noite de Cuba,
tens tempestades e estrelas no pêlo,
nua és enorme e amarela
como o verão numa igreja de ouro.

Nua és pequena como uma das tuas unhas,
curva, subtil, rosada até que nasça o dia
e te metas no subterrâneo do mundo

como um longo túnel de trajes e trabalhos:
tua claridade apaga-se, veste-se, desfolha
e outra vez voltas a ser uma mão nua.

 Pablo Neruda

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